quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Aproveitando os Ares Mineiros

Iniciei mais  uma nova aventura temática: conhecer os ceramistas de Belo Horizonte e redondezas.

Resolvi “dar uma ligadinha” para a ceramista Inês Antonini. Eu já estava de “olho nela”desde o último Congresso de Curitiba, quando nos encontramos pela primeira vez, e no CONTAF de 2010, onde ambas demos oficinas e não pudemos interagir.

Liguei em um sábado de janeiro de 2011, e no mesmo dia me convidou para conhecer o seu sítio. Lá construiu um “babyanagama” ou como prefere chamar, na tradução japonesa, o seu “akambogama”.

Babyanagama ou Akambogama
É um forno anagama, (ana=1, gama=forno), forno de uma câmara só.

Vista interna do Akambogama
Ele é muito “anatômico”. Do “tamainho” ideal para uma ceramista. (veja foto)

Inês está tentando reduzir o tempo da queima. Encerrou a última queima, que foi em dezembro passado, com 50 horas. Eram 70 horas.




Fazenda Palhano

O sítio de Inês faz divisa com a Fazenda Palhano.
Foi nessa fazenda que Toshiko Ishii  iniciou seus trabalhos em cerâmica.

Mulher exepcional, Toshiko, aos 70 anos de idade embrenhou-se com garra na realização de um sonho antigo: fazer utilitários em cerâmica.

“Toshico afirma: o uso dignifica, dá sentido à cerâmica. Faço para meu uso, portanto para quem quiser. Sou uma artesã e estou satisfeita.”



Imagine só, aos 70 anos ter a coragem de iniciar um projeto, guardado a tanto tempo.

Acabou que “aos poucos foi agregando outros ceramistas, artistas e interessados da cidade” ao seu redor. 

Alguns ceramistas como Erli Fantini, Adel Souki, e a própria Inês, que após largo convívio no ateliê de Toshiko acabaram adquirindo “lotes”da própria fazenda.
E sob a influência da matriz e mãe da cerâmica se instalaram ao redor da Fazenda Palhano, construiram seus fornos nos moldes japoneses.

No Ateliê de Toshiko
Inês me levou até a Fazenda Palhano, que já existe há mais de 200 anos, e visitamos o ateliê de Toshiko e todo o seu espaço de trabalho.

É muito instigante tentar desvendar os mistéris que circundam aquele espaço. Mulher perseverante, já com muitos caminhos criativos percorridos por diversas linguagens e materiais, e que escolheu a cerâmica, tardiamente.

Partiu do quase nada para mergulhar, com coragem, no desconhecido. Sonhar e realizar-se na busca do trabalho cerâmico.

Também conheci  a Regina, ceramista, que estava dando aula para um grupo de crianças. Regina iniciou a trabalhar com Toshiko quando ainda tinha 10 anos de idade. Regina é mais uma  das“ceramistas agregadas” de Toshiko. Seu pai, Lázaro,  trabalha na fazenda desde a época em que a filha de Toshico, Tizue e seu genro Izume compraram a fazenda. Lázaro ajudou Toshiko na construção dos fornos e a ajudava no ateliê também.

Para terminar a visita, na segunda-feira fui conhecer o ateliê de Inês, em Belo Horizonte.
Via 27

Qual não foi minha surpresa: é um condomínio de ateliês. Fiquei com vontade de ter meu espaço lá também. A solução que deram é fantástica e o espaço é de fato muito acolhedor.
“...A idéia do nosso condomínio de ateliers surgiu da minha amizade com a Liliane Dardot, artista plástica,  e com Humberto Carneiro, arquiteto. Convidamos mais duas artistas, Ligia Lippi e Iane Zanine para se associarem a nós na empreitadada da construção do prédio que lembra um galpão de fábrica e que ao mesmo tempo mantém a individualidade e o espaço de cada artista. O nome dado foi VIA 27.”

Inês é uma ceramista cujo trabalho é muito forte e consistente.
Historiadora de formação, atualmente Inês continua pesquisando argilas e terra sigillata para uso em queimas a lenha.
Também está desenvolvendo dois projetos: potes de água em cerâmica e desdobramentos de seu trabalho: Abismo.

Os Trabalhos de Inês e seus Potes
“Este ano estarei envolvida no projeto dos Potes e orientando três projetos de alunas minhas. Caminhemos pois...” diz Inês.

Em nossas conversas, até fizemos um plano de irmos ao Piauí por conta dos Potes...
A idéia foi lançada, com o tempo, saberemos se ela se materializará.
Logo me engajei em seu projeto dos Potes, porque, novamente, poderei fazer mais uma viagem temática em torno da cerâmica.

Aqueles potes me deixaram muita curiosa. Muitas perguntas ficaram no ar.
Quem sabe as respostas poderão ser encontradas no Piauí, seu local de origem.


Segue aqui o e-mail da Inês para quem quiser fazer contato:<inesantonini@gmail.com>

2 comentários:

Acácia Azevedo Studio Pottery disse...

Acabei de colocar um post em homenagem a Toshiko, e chego aqui e vejo seu post, muito legal! Fiz um link para cá. Que bárbaro Nádia. Parabéns pela maravilhosa experiencia!

José Ramos disse...

Através do blog da Acácia cheguei aqui.
Que belas experiências e que bem descritas. Felicito-a.
Desejo que continue feliz nas suas cerâmicas e nas técnicas que explora. De Portugal, um abraço.
José Ramos
http://jr-ceramica.blogspot.com/