O Que Poucos Sabem

Decidi contar aqui alguns fatos curiosos e determinantes de como cheguei nessa nova série de trabalhos que tenho feito de "potinhos tipo tchauan".

Saiu mais uma fornada e, como todos sabem, eles são torneados na técnica do "nericomi".

O acabamento que dou a eles me permite ir em busca do desenho oculto, e que imprime o encantamento e a surpresa deste trabalho.

No entanto, eles são detentores de 5 atributos que poucos sabem:


1- Eles foram imaginados e nasceram por conta da minha enorme curiosidade  em saber como se configurariam os desenhos ocultos do lado de dentro de cada tchauan:

- Será que o desenho de dentro seria diferente?
- Será que os desenhos seriam iguais?

2- Eles, então,  apenas se parecem com utilitários, mas não são. Cumprem sua função primeira de revelar o seu interior;

Seção do quasicristal formado
pela liga AlNiCo. 
[Imagem: Deloudi/Steurer]

3- Estes "potinhos tchauans" estão relacionados ao  Prêmio Nobel de Química desse ano. Daniel Schechtman  descobriu os chamados "quase cristais".  São estruturas que se apresentam em padrões onde os átomos não se repetem, como o esperado. Tem fórmulas matemáticas regulares que os explicam, mas infinitamente variadas e que esses padrões são expressões comuns na arte dos mosaicos Persas. Ao ler essa notícia minha imaginação material logo ficou matutando.
Imediatamente associei estas novas estruturas aos meus "potinhos tchauans". Assim como os "quase cristais" "potinhos tchauans"  tem uma formulação química que os explica, um padrão em sua estrutura  mas os desenhos nunca se repetem.
Então eles são os "potes quase cristais".

4- Os "potes quase cristais" me levaram de volta ao mundo das miniaturas. A pergunta inspiradora foi: Será que os desenhos ocultos nas miniaturas também assumiriam formas diferentes?

5- E, por último, e o mais importante é que o oleiro que os torneia é o Adelino de Macedo Rodrigues Júnior, mais conhecido como Júnior, filho do Lelé. Oleiro de mão cheia e que "topa" todos os desafios que eu proponho. Nossa parceria vem de longa data. Sempre estamos "inventando" formas novas de manipular a matéria para ter a surpresa do inesperado tão esperado.

Ainda temos muitos "potinhos quase cristais" por fazer para saciar toda essa inquietação que me invade: como eles serão por dentro?
Há um questionamento que não quer se calar:

e se...?