terça-feira, 12 de abril de 2011

Minha Versão Sobre

O 1º Encontro Internacional de Ceramistas


USP

Foi um evento arrojado e inovador.

Fiquei surpresa com a proposta.
Em 4 dias de duração do evento,  alternavam-se palestras
e demonstrações da execução do trabalho pelos artistas convidados.

Gente de peso.

Em 5 mesas e um torno elétrico montados no palco do auditório os artista desenvolviam seus projetos na nossa frente
É quase indescritível o sentimento gerado ao vê-los trabalhando naquelas mesas.
Tudo muito simples mas comovente.



Nos intervalos nós, do público, podíamos subir ao palco para ver e tocar nos trabalhos e conversar com os artistas. Era como se nós nos transformássemos em seus convidados em um “mini” ateliê.  Assim eu me sentia
A intimidade do processo criativo de cada um era revelada, desnudada. Acompanhar passo a passo sua criação imprimia um corpo ao intangivel. A sensação que causava era muito reconfortante. A cada momento me via reafirmada em meu próprio percurso.


Interagi  bastante com a maioria dos convidados e aqui vão algumas de minhas impressões. 


Infelizmente para mim, não tive “tempo emocional” suficiente para me aproximar de todos.

Claro, as fotos que estão publicadas não são minhas. Novamente me deparo com a dificuldade de sair do turbilhão de emoções para tirar fotos.
Elas foram gentilmente cedidas pelos participantes mais hábeis do que eu nesse quesito.  Seguem os linkes originários, vale uma visita: 
Graciela trouxe a técnica de transferência de imagem sobre a cerâmica e a técnica da foto-cerâmica.
Esse é um assunto que venho me interessando há algum tempo. Estou prestes a fazer minha primeira experiância com a matéria. Além disso colocou bem claramente a sua inserção política através da cerâmcia. Bastante interessante como processo e como modelo.


De origem chinesa Jackson fazia demosntração ao torno. Mas o que mais me atraiu em Jackson Li foi sua demonstração na construção de ferramentas com materias coletados ali mesmo no campus USP. No meu entender criou um espaço mais democrático para a cerâmica. Com certeza passarei essas informações para o pessoal do Projeto Parapuan e para todo mundo que eu puder. 
                                                    
Jacques Kaufmann
Gostei muito de vê-lo trabalhar. Sempre improvisando e criando. Sua liberdade é encantadora. Para ele a “imaginação é  inspirada pela matéria nas suas qualidades e pontencialidades de energia”. Fez “misérias” com uma “carinha” de madeira comprada na China, para onde vai com freqüência. Foi tão bom me ver refletida nessa metodologia. 


Juan Pache
Genial o cruzamento de técnicas de setores industriais diferentes. Me deu muita vontade de experimentar essa técnica. São Desenhos entalhados com areia a pressão. Ele usa jato de areia, próprio para vidro, para fazer relevos em suas cerâmicas usando como máscara um recorte em vinil auto-adesivo feito por um ploter e um computador.






 Nathan Lynch
Uma graça de pessoa. Inteligente, criativo, espontâneo. Ele é escultor e artista de performance. O trabalho dele lida com as questões de orgulho, masculinidade, coragem, posicionamento político, tudo com respeito e humor. 


Philippe trabalha com formas. A questão do dentro e do fora são cruciais para ele. Além das tradicionais, ele construiu várias formas com de partes de outros moldes que ele cortou e reagrupou de formas variadas, prendendo-as com pinças e elásticos.
Philippe apresentou a inteligentíssima  técnica de tirar da forma a peça já esmaltada. Ouvir seu relato de como chegou nesse resultado foi fantástico. Partiu da economia de energias (preguiça, meio ambiente) e chegou lá. Na minha experiência criativa com a cerâmica, sempre foi o desafio da matéria a fonte inspiradora de minha criação. Depois de ver o relato de Philippe Barde, passei a me sentir mais à vontade com a questão da escolha dos caminhos criativos.   


Sua palestra e o video apresentado foram muito interessantes carregadas de conceitos pertinentes. O vídeo que apresentou de sua temporada no Japão também foi muito criativo. Uma performance registrada na matéria para todo o tempo. Aliás, sua discução sobre  a questão da passagem do tempo e da impermanência do objeto foi bastante interessante.


Toshiyuki Ukeseki
Foi um dos “fundadores” do centro de cerâmica em Cunha. Hoje em dia ele mora no Japão. O tema de sua palestra era: Busca pela Beleza da Cerâmica ~ o potencial do esmalte. Trouxe em sua mala  testes da pesquisa que realiza na busca de efeitos ancestrais e tradicionais de esmaltes com ferro. 



Fascinante. Um exemplo de liberdade do olhar. Inspirador e instigante. O que mais me marcou foi esta aparente contradição entre a pessoa que ela aparenta, calma, quieta intorvertida e quase idosa, e seu trabalho tão exuberante, extrovertido e liberto.
Foi muito importante dar espaço ao Rodrigo para apresentar o conceito do Bando de Barro. Considero o Bando de Barro uma iniciativa bastante corajosa,  generosa e agregadora sem se perder de vista a individualidade de cada um. Nas palavras de Rodrigo o Bando é "uma experiência coletiva criadora"; lida com "relações, tensões e interesses entre o coletivo e suas individualidades (o eu e o nós); além de ser uma "experiência coletiva como construção de conhecimento e sua relação com o ensino na universidade"
Por ser um “Bando”, a individualidade pode coexistir. O Bando de Barro sempre me dá a esperança de um dia abraçarmos o Brasil através da cerâmica. Gosto de me apresentar como “Bandoleira Sucursal São Paulo”.

Imaginem só, vivendo tudo isso, mais todos os encontros , contatos, afetos e desdobramentos que esse evento proporcionou...

Um turbilhão de emoções!

Agradeço a coragem da professora e coordenadora do evento,  mestre e doutora em arte pela USP Norma Grinberg, da Escola de Comunicações e Artes (ECA) da USP, e toda sua equipe,  ao Grupo Terra de Pesquisa, coordenado por ela, e que conta com a participação das professoras Sílvia Tagusagawa, também da ECA, e Cristiane Aun Bertoldi, da FAU, pela realização deste encontro.
Segundo Norma, e no que eu concordo, “o ponto forte do encontro foi o intercâmbio cultural”. A organização estava impecável.

Parabéns!

2 comentários:

cibele nakamura disse...

Nádia que maravilha de reportagem... muito importante para as pessoas que assim como eu (e com muita tristeza) não puderam estar presentes nesse grandioso evento.
Acho que já te disse, mas quero reforçar aqui, seu blog está excelente!!! Beijos

Tácito Fernandes disse...

Parabéns pela belíssima matéria sobre o encontro, Nádia. Ela é um presente para nós que não pudemos estar presentes. Obrigado e tudo de bom.